Com os pés na missão – Testemunho do Missionário Frei Bernardo na missão de Guiné-Bissau na África

“Queridos irmãos e irmãs de nossa amada diocese do Divino Espírito Santo, de Umuarama, é com grande alegria que vos escrevo de terras de missão para contar-lhes um “bocado” de minha experiência missionária e o quanto estar aqui tem sido uma graça de Deus e ao mesmo tempo um grande desafio, maior até que eu imaginava.

Cheguei ao continente africano no dia 28 de maio deste mesmo ano e, desde então, estou fazendo morada no país de Guiné-Bissau, diocese de Bafatá, na cidade de Quebo, e fazendo comunidade com outros missionários, na Missão Católica Beato Paulo VI, organizada e mantida pelo Regional Sul 2 (dioceses do Paraná). Por assim dizer, estou em missão em nome da nossa diocese de Umuarama e fui enviado pela minha fraternidade (Fraternidade Coração Chagado de Jesus) na qual sou consagrado de vida.

Neste primeiro mês de estadia, estou fazendo a experiência de começar tudo do zero. Sim, aprender tudo do começo, porque vejo que aqui todas as minhas formas de evangelizar, toda a experiência adquirida no Brasil, seja com os jovens ou com o COMIDI, são obsoletos diante de uma cultura totalmente diferente da nossa. Lembro-me que, conversando com um amigo pelo WhatsApp, relatei para ele que estar aqui neste país na África é passar por uma espécie de portal e entrar em um novo mundo, mundo esse que me obriga a me desalojar de mim mesmo, esquecer-me de como servia, para aprender a ser servo novamente. Estou diante de crianças carentes, machucadas e “largadas”, mas que expressam uma alegria e vivacidade que impressionam, jovens com uma disposição enorme de dar sequência na vida, porém desmotivados, enxergando poucos caminhos. Adultos acostumados com as poucas condições, mas fortes para levar a cabo seus propósitos dia após dia, e os mais velhos que se esforçam para manter em pé as tradições e costumes das etnias e suas culturas próprias.

Nas atividades durante os dias, conseguimos nos aproximar pouco a pouco do povo em geral, em sua maioria são muçulmanos, mas que graças ao bom Deus, criador de tudo e de todos, temos um bom relacionamento com eles e eles nos veem como homens e mulheres de bom coração, que vêm para fazer o bem.

Um dos maiores desafios é a atividade pastoral, uma ação evangelizadora que possa, aos poucos, ir adentrando a vida do povo que não é muçulmano e que queira abraçar a fé católica. Por graça de Deus, temos uma comunidade católica crescente em nossa cidade, a Missão tem o desafio de animar, encorajar, motivar e guiar o povo cristão católico daqui. Por exemplo, na função de uma paróquia, mesmo nos faltando um padre para estar conosco, temos organizado turmas de catequese, pastoral do dízimo, liturgia, missas dominicais com um dos padres de outra cidade, recitação do Santo Terço, coral de jovens para as celebrações, entre outras ações. Tudo é construído ao passo que a comunidade vai sendo os protagonistas, e nós missionários somos o suporte.

Diante de tudo isso, sigo caminhando e atualizando, dia após dia, o direcionamento do Papa Francisco que nos motiva a “evangelizar com coragem e alegria”, acredito que essa deve ser a força propulsora do missionário em cada amanhecer, coragem e alegria.

 Paz e bem ao seu coração!”

 

Frei Bernardo Luz
Fraternidade Coração Chagado de Jesus e Missionário na África.

 

Publicação: Diego Fernando Jacob
Publicitário e assessor de comunicação e imprensa diocesana
Texto/imagens: Frei Bernardo Luz