Diocese de Umuarama comemora 48 anos de instalação

De todo o trabalho desenvolvido na diocese, o que o Bispo Emérito destaca como mais importante foi a criação da pastoral vocacional, pois sem os padres não tem como existir uma paróquia.

48 anos 

Aos 40 anos de idade, Dom José Maria Maimone foi Ordenado Bispo; tão logo, foi designado para ser o primeiro Bispo da recém-criada Diocese de Umuarama. Em 1973, os desafios para a criação da diocese foram muitos, como conta o Bispo Emérito. “As maiores dificuldades que tivemos foram as estradas, pois naquela época o asfalto chegava apenas até Perobal, e a partir de lá o meio de locomoção seguia em estrada de terra. O tempo para chegar até cidades vizinhas era muito maior que hoje em dia e os riscos de ficar na estrada com o carro quebrado também, mas íamos vencendo cada obstáculo que aparecia”, destaca Dom José.

Naquela época, a criação das pastorais contava com muitos voluntários, principalmente os congregados marianos, que eram a força da Igreja e se dedicavam incansavelmente para a instalação das Comunidades Eclesiais de Base. “Com o tempo, percebemos que as paróquias que tinham uma Comunidade Eclesial de Base eram as que estavam caminhando melhor. Então, no primeiro ano, começamos criando em cada paróquia uma comunidade, foi o primeiro Plano Pastoral, que saiu no início de 1974. Primeiro formamos os grupos de reflexão, e em seguida reunimos em comunidades, essas comunidades que possibilitaram o encontro de pequenos grupos para estudar a Palavra de Deus e formar espiritualmente as pessoas, que tinham mais compromisso com a Igreja”, descreve o Bispo Emérito.

“No início fomos muito criticados, porque as CEBs exigiam bastante e de certa forma diminuiu o número de pessoas que vinham à Igreja de vez em quando. Pois alguns vinham apenas quando falecia alguém ou quando precisavam de algum sacramento, então era exigido que as pessoas participassem da comunidade se quisessem ter direito às coisas da Igreja. A crítica veio quando as pessoas achavam que nossa diocese estava exigindo mais do que as outras, algumas pessoas iam até outras dioceses, que exigiam menos, para ter um sacramento. Mas, com isso, conseguimos fazer comunidades vivas e atuantes; ao contrário do que muitos pensavam que aconteceria, aumentou o número de participantes na Igreja, chegamos a ter na época mais de mil agentes de pastoral”, conta Dom José.

O Bispo Emérito explica que, a partir de então, tiveram a implantação do dízimo. “Fizemos uma preparação longa e muitos duvidaram do funcionamento dessa pastoral, porém percebemos que as dioceses que fracassaram, foi porque não fizeram uma boa preparação. Era preciso fazer o povo entender que o dízimo era uma maneira de colaborar com a evangelização, dando aquilo que podemos dar, para formar novos evangelizadores, novos padres e as irmãs religiosas. Então, desde o dia 1º de janeiro de 1979, abolimos todas as taxas e passamos a viver do dízimo, inclusive os padres colaboraram. Ficamos conhecidos, no Brasil todo, como a diocese das CEBs e do dízimo. Fiquei à frente da diocese por quase 30 anos e nesse tempo viajei pelo Brasil todo para falar dessa pastoral e das CEBs”, relata.

De todo o trabalho desenvolvido na diocese, o que o Bispo Emérito destaca como mais importante foi a criação da pastoral vocacional, pois sem os padres não tem como existir uma paróquia. “Começamos a diocese sem nenhum padre diocesano, com apenas algumas irmãs religiosas que aqui estavam e alguns padres que vieram de outras congregações para ajudar na instalação. Eu estava numa diocese que não tinha clero e nesses anos que estive à frente como Bispo, ordenei 50 padres e participei dos votos de várias moças religiosas que faziam parte da diocese”, explica.

A Irmã Maria Vieira, da Congregação das Irmãs de Cristo Pastor e Coordenadora Diocesana da Catequese, relembra a história da diocese e conta que logo que Dom José chegou para a instalação da diocese, sentiu o desejo de fundar uma congregação de irmãs que pudessem ajudar na formação de lideranças. “Assim ele o fez e fundou a nossa congregação, das Irmãs de Cristo Pastor. Antes mesmo da instalação da Diocese de Umuarama, a vida religiosa já marcava presença na região, pertencente na época à Diocese de Campo Mourão, por isso o Bispo pôde contar com a ajuda das religiosas na organização pastoral da diocese. Percebe-se, então, que a vida consagrada vai além-fronteiras”, conclui a religiosa.

O Monsenhor José Dantas de Sousa foi o primeiro padre ordenado pelo Bispo Dom José Maria Maimone. Ele explica que se formou padre no nordeste, com os Freis Capuchinhos, mas pediu para a congregação para ser ordenado na Diocese de Umuarama, já que a região necessitava de padres. “Fui ordenado em fevereiro de 1975, segui para a paróquia em Icaraíma, e em 1976 fui nomeado o primeiro pároco da Catedral de Umuarama. Naquele tempo, quando a diocese foi criada, não havia uma catedral, e então, no decreto da criação da diocese, estabeleceu-se a Paróquia São Francisco de Assis, de Umuarama, como catedral provisória. Essa instalação durou um tempo, até a construção do salão paroquial e em seguida a própria construção da atual catedral”, conta o sacerdote.

 

 

De acordo com as informações da Paróquia Catedral do Divino Espírito Santo, o território da Paróquia Catedral foi desmembrado do território da Paróquia São Francisco de Assis, até então única paróquia da cidade de Umuarama. O Pe. Dantas fez um importantíssimo trabalho de construção na Paróquia, tanto para a formação da vida em comunidade e ação evangelizadora, quanto em relação à estrutura física da Paróquia.

Muitas festas em prol da construção da Catedral foram realizadas, mas registra-se a primeira, ocorrida em novembro de 1976. E na Solenidade de Pentecostes de 1987, a Igreja Catedral do Divino Espírito Santo foi oficialmente instalada.

Dom José conclui a entrevista agradecendo todos os Bispos que vieram após ele e pede que Deus continue abençoando os bispos, os padres, as religiosas e os leigos, especialmente os agentes de pastoral. “Que Deus derrame suas bênçãos sobre todos esses que participam da vida desta diocese, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém! ”.

Fonte: Érica Bolonhezi
Jornalista Diocesana e PASCOM
Arte: Luiz Antoniassi
Designer Gráfico
Fotos: Arquivo Paróquia São Francisco